Controverso e caótico, esse é o “ARTPOP“, quarto álbum de estúdio de Lady Gaga. Que diversos projetos da era foram cancelados devido a problemas internos – R.I.P. clipe de “Venus” e “ARTPOP ACT II” – todos nós sabemos. Mas o que muita gente não sabe é que um pitching de roteiro para o clipe de “MANiCURE”, dirigido por Jonas Åkerlund (“Paparazzi”, “Telephone”, “John Wayne”), foi feito para a gravadora. A terceira versão desse roteiro só chegou à internet anos depois, no dia 11 de novembro de 2023 — e o conteúdo é tão insano quanto fascinante.
Intitulado “MANiCURE: A Good Quick Fuck” (“MANiCURE: Uma Boa Foda Rápida”, em tradução livre), o roteiro carrega a assinatura visual e narrativa de Jonas Åkerlund em sua forma mais extrema: cortes rápidos, edição frenética e um universo delirante que mistura sátira, crítica, sexualidade e cultura pop em uma espiral vertiginosa de três minutos. O documento apresenta o vídeo como o fechamento de uma trilogia que começou com “Paparazzi” e passou por “Telephone”, agora concluída em um surto hollywoodiano chamado “MANiCURE”.
Hollywood, sexo e sangue
A história começa com Gaga acordando em meio ao caos de Beverly Hills. Ela compartilha a cena com outras figuras da cultura pop: Lindsay Lohan, Paris Hilton e Britney Spears. Após um despertar nada glamouroso, ela é submetida a um tratamento intensivo em um spa, intercalado com coreografias com dançarinos nus e injeções faciais.
A partir daí, o vídeo se desenrola em uma sequência de atos cada vez mais absurdos e provocativos: um salão de beleza que pisca a palavra “MAN CURE”, uma coreografia na rua onde um homem se distrai com as garotas e literalmente se parte em quatro, e um bordel-departamento com vitrines de prostitutas temáticas, onde clientes famosos participam de cenas voyeurísticas.
📢 Conheça o nosso podcast: "Se Flopar é Indie"!
Entre os nomes citados como potenciais personagens: Selena Gomez, Justin Bieber, Kris Jenner, Kanye West, Jared Leto, Naomi Campbell, e até… Kermit, o sapo da Muppets, em um encontro íntimo com Big Bird. Tudo isso permeado por sexo, fetiches, humor ácido e violência gráfica. Um delírio visual que flerta com a pornografia artística e o absurdo proposital.
Referências pop e o retorno da Pussy Wagon
Em meio à loucura, Gaga executa uma performance para Charlie Sheen, assassinatos acontecem (incluindo a execução de Lindsay Lohan a tiros), e celebridades fogem em pânico enquanto Heidi Fleiss libera uma revoada de pássaros. Gaga, com uma tiara na cabeça, arrasta o corpo de Lindsay para o porta-malas de um carro fúnebre decorado com Hello Kitty e parte pela Sunset Boulevard.
O clímax do roteiro é uma violenta briga corporal entre Gaga e Lindsay, com direito a coroas de Miss América, dentes quebrados e sangue para todos os lados. E, para encerrar, Beyoncé — em seu figurino de Telephone — abre a porta para Gaga e recebe um maço de dinheiro. O vídeo termina com Lindsay e um sósia do Príncipe Harry fugindo na icônica Pussy Wagon, com o gesto do dedo do meio compondo a palavra “MANiCURE”.
O clipe que a gravadora não deixou nascer
Com referências explícitas, participações improváveis e cenas que desafiam qualquer padrão de broadcast, não é difícil entender por que o projeto foi engavetado. Mas o vazamento do roteiro nos mostra o que “ARTPOP” realmente queria ser: exagerado, sem filtros e absolutamente livre.
Lady Gaga pode até nunca ter gravado esse clipe, mas a simples existência desse documento prova que a era “ARTPOP” ainda guarda segredos que o mundo pop talvez nunca esteja preparado para ver.