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Review | “FUNK GENERATION” de Anitta é uma viagem caótica na tentativa de levar o Brasil para o mundo

Anitta - Imagem: Divulgação "FUNK GENERATION"
Anitta - Imagem: Divulgação "FUNK GENERATION"

Após uma longa espera marcada por adiamentos, o lançamento do “FUNK GENERATION”, primeiro álbum de estúdio de Anitta com a Republic Records, finalmente ocorreu, trazendo consigo uma promessa de total liberdade criativa para a artista.

O álbum se apresenta como uma jornada ambiciosa, mas não isenta de tropeços. Desde o início, com “Lose Ya Breath”, somos imersos em uma atmosfera de nostalgia, com claras influências dos funks dos anos 2000. A faixa é intensa, porém, em alguns momentos, parece desorganizada, sugerindo uma falta de polimento em sua produção.

Seguindo adiante, encontramos “Grip”, uma faixa aguardada por muitos fãs, mas que, infelizmente, deixa a desejar em sua execução. A tentativa de mesclar influências americanizadas com elementos do funk brasileiro resulta em uma mistura desigual, que não consegue estabelecer uma identidade clara. Além disso, a abordagem sexual da faixa parece forçada, com gemidos que mais parecem um filme adulto, contribuindo para uma sensação de desconexão com a narrativa proposta.

Contudo, nem tudo são críticas no “FUNK GENERATION”. Faixas como “Funk Rave” destacam-se como pontos altos do álbum, com uma sonoridade autenticamente brasileira que remete à essência de Anitta. O ritmo envolvente e a energia contagiante desta faixa demonstram o potencial da artista em dominar o gênero que a consagrou.

Em contrapartida, “Love In Common” apresenta uma fusão harmoniosa entre o funk brasileiro e o pop americano, sem forçar nenhum dos elementos. Embora possa ser considerada genérica por alguns, essa simplicidade é, muitas vezes, exatamente o que o ouvinte precisa, oferecendo uma experiência musical agradável e acessível.

Mas nem todas as faixas do álbum conseguem atingir esse equilíbrio. “Double Team”, por exemplo, decepciona ao parecer apressada e mal executada, com uma mistura confusa de idiomas que confunde e aliena os ouvintes. Da mesma forma, “Sabana” parece desprovida de significado ou impacto, enquanto “Cria da Favela” tropeça ao tentar misturar idiomas de forma incongruente, prejudicando sua coesão e impacto emocional.

“Joga Pra Lua”, uma colaboração com Pedro Sampaio e Dennis, surpreende pela sua qualidade, mesmo para aqueles que não são fãs das produções de Pedro. Apesar de ser mais pop que as demais faixas, ela consegue se encaixar muito bem no contexto do álbum, mantendo sua identidade sem perder a coesão sonora. Já “Ahi”, em parceria com Sam Smith, apresenta uma fusão de inglês e espanhol de forma mais sutil. O funk com influências pop é bem executado, e as vozes de Anitta e Sam soam harmoniosas juntas, apesar de alguns problemas na mixagem.

Em suma, “FUNK GENERATION” busca levar o funk para além das fronteiras brasileiras, mas suas inconsistências impedem que alcance todo o seu potencial. A opção de misturar idiomas e estilos pode confundir e alienar os ouvintes, enquanto faixas como “Love In Common” e “Aceita” se perdem em meio a essa ambiguidade. Apesar das falhas, o álbum demonstra uma certa coesão, não se reduzindo a uma simples coleção de faixas aleatórias, mas sim a uma jornada musical que, embora turbulenta em alguns momentos, ainda oferece momentos de brilho e coesão. Em um contexto mais amplo, o “FUNK GENERATION” representa mais um capítulo na jornada artística de Anitta, que vem conquistando espaço tanto nacional quanto internacionalmente.

Nota final: 5/10

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